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Posts Tagged ‘Maxi López’

Jonas ganha bitoca enquanto Tcheco aguarda a vez

Jonas ganha bitoca enquanto Tcheco aguarda a vez

 

A primeira vez carrega consigo algumas inconveniências. Como se a espera interminável esticasse o fio da ansiedade ao máximo, o momento em que o invólucro da imaturidade é rompido e a marca da idade adulta se incrusta na pele de forma irrevogável não ocorre livre dos rituais e traumas inerentes aos grandes acontecimentos. Pois o Grêmio passou por essa situação na noite de ontem. No benfazejo estádio dos Alívios, que tantas alegrias nos remetem a um passado recente, o time de Autuori livrou-se da chaga que atravancava ambições maiores no Campeonato Brasileiro, venceu longe do Olímpico e alinha já na sexta posição da tabela – ainda que com a mesma pontuação do oitavo colocado.

 

O jogo alojou desde os primeiros minutos uma pulga renitente por detrás de cada orelha gremista. A bola já rolava, o Grêmio controlava todas as ações, Fabio Rochemback e Adílson senhores da meia cancha, Tcheco e Souza flanando com a desenvoltura dos jogos em casa, Jonas articulando dribles indolentes, ou seja, alguma coisa estava errada. Tanto que não demorou para o cruzamento de Tcheco encontrar a testa de Souza e o placar passar a marcar 1 a 0.

 

O gol não mudou o jogo, como poderiam temer alguns torcedores supersticiosos que torcem para que o time marque somente no final das partidas, o que facilitaria a manutenção da vitória. Carlinhos Bala e seu penteado ridículo continuavam bailando feito criança em playgroud, mas tão inofensivos quanto, a zaga de Autuori continuava caminhando em terreno ermo e tranquilo. E foi com certa naturalidade insólita que Jonas dominou dentro da área parnambucana ainda na primeira etapa, enlaçou o zagueiro com um belo lençol, driblou outro marcador e chutou com convicção – logo Jonas, o atacante sem convicção por excelência – no canto rasteiro esquerdo do goleiro: 2 a 0.

 

O segundo tempo perdeu em energia do lado Tricolor e permaneceu incapaz do lado recifense. Algumas chances foram criadas pelo Náutico, muito mais pelo relaxamento gaúcho do que orinudas de uma organização e melhora adversária, salvas todas pela trave e pelas mãos de Victor. Maxi López ainda achou tempo para uma expulsão, inflando a aflição dos gremistas mais céticos, que só acreditaram-se vencedores fora de casa quando Senemi imprimiu o silvo derradeiro. Uma vitória em casa na próxima rodada pode minguar ainda mais a distância para o Gê Quatro, que hoje é de quatro pontos.

 

Já no Beira Rio, o Inter fez a torcida lembrar de um passado não muito distante, quando o colorado ainda não estava ambientado na arte de confirmar favoritismos, antes ainda das conquistas continentais e mundiais, e escorregava inexplicavelmente e para os adversários mais incautos nas horas erradas. É verdade que o jogo de ontem tinha o competente Cruzeiro na cancha inimiga, mas numa rodada em que o líder tropeça e um empate bastaria para colocar o Inter na liderança, deixando Tite e seus cordeiros adestrado com a faca, o queijo, a goiabada e outros quitutes mais na mão, não há permissão alguma para perder em casa.

 

Tiago Ribeiro segura vela e Fabiano Eller segura bola

Tiago Ribeiro segura vela e Fabiano Eller segura bola

 

Mas o futebol não funciona assim. E os mineiros lançaram mão de duas figuras que já vrestiram azul, preto e branco e tiraram diploma nas disciplinas grenalísticas. Adílson Baptista cozinhou Tite no fogo baixo e soube engessar os meias colorados. E Gilberto, maestro maior do Cruzeiro, assombrou com sua canhota pragmática a zaga vermelha.

 

O resultado negativo é minimizado pela derrota do Palmeiras, mas permitiu ao São Paulo igualar o Inter em pontos, o que torna a luta pelo título deveras emocionante, visto que um ponto separa Muricylha de Tite e Ricardo Gomes. Inter e Palmeiras invertem os adversários na próxima rodada, viajando, respectivamente, a Salvador e Belo Horizonte, no encalço da recuperação e reafirmação.

 

Confere aqui a tabela de classificação. E aqui os resultados da rodada.

 

Guilherme Lessa Bica

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Quero ser grande

Quero ser grande

 

A rodada do Campeonato Brasileiro que se findou na noite de ontem, modificou a hierarquia classificatória, alçando equipe de camisa leve ao segundo lugar, sendo benevolente com um gaúcho longe de seu pago e fazendo renascer do pó de arroz uma fênix carioca.

 

Lá na quarta-feira o Goiás colocou com alguma dificuldade a cereja no bolo de confeitira competente que foi a última semana esmeraldina. Além da estrepitosa contratação (Deus existe!) de Fernandão, o time de Hélio dos Anjos truinufou sobre o Flamengo, num emocionante 3 a 2 de raro e peculiar erro de arbitragem contra carioca.

 

Já no calabouço da tabela, terreno escatológico e sombrio, onde os times escutam ecos longíncuos de Portuguesas, ABCs, Pontepretas, Juventudes… E são tomados de delírios e calafrios, o Fluminense reagiu diante de um companheiro de cela, o Sport, empilhando cinco tentos nas redes de Magrão. A goleada não livrou os tricolores da zona maldita, mas permite a eles ao menos noites de sono mais tranquilas até o próximo jogo.

 

Ainda na noite de ontem, o Grêmio finalmente extirpou aquele bigode de Nescau que denuncia tragicamente os adolescentes despreparados, inocentes, não iniciados nas coisas da vida, tascou-lhe uma gomalina sebosa do pelo capilar, trajou um terno sóbrio e tornou-se adulto, com um digno empate em um gol com o líder Palmeiras. Uma vitória contra o temido Barueri, na Arena do adversário, no domingo, pode catapultar a equipe de Paulo Autuori ao celeste e onírico mundo dos classificados à Libertadores – ao menos até segunda, quando os colorados medem forças diante do alquebrado Sport.

 

Confere aqui a classificação. E acolá, os resultados da décima sétima rodada.

 

Guilherme Lessa Bica

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Arílson e Carlos Miguel pós-modernos

Arílson e Carlos Miguel pós-modernos

 

O Grenal é uma e várias catarses. É o vermelho magma e o azul mar, mas maiores e mais impactantes que vulcões e oceanos. O Grenal é um sentimento que impele rubros e tricolores a esmagarem mentalmente os adversários, ainda que a única forma física de ele ser plenamente satisfeito é impor ao rival uma derrota, seja a diferença de gols mínima, mas ainda uma derrota. Pobre dos milhões que não vivem e, portanto, são incapazes de entender essa relação.

 

Pois o clássico que comemorou um centenário de petelecos mútuos nas orelhas rivais e alheias, honrou seus antecessores. Houve empenho irrestrito, futebol de passes rápidos e marcações compenetradas nos dois lados do campo. O primeiro tempo, por exemplo, não permitiria outro placar que não o empate. As duas equipes ameaçavam-se com a qualidade dos passes de seus meias: D’Ale e Andrezinho; Tcheco e Souza. Mas a cautela, filha bastarda do medo de perder o jogo, mantinha o cabresto puxado, e continha o ímpeto dos jogadores.

 

O primeiro gol anunciava um Grenal como os outros três deste ano: Grêmio especulando num escanteio, zaga do Inter segura, contra-ataque veloz, gol de Nilmar. Souza ainda elevou o grau de irritação dos torcedores azuis ao tentar cavar falta no limiar de nossa grande área. A tarde era um desastre.

 

Ocorre que algumas diferenças entre o time de ontem e aquele treinado pelo homem do bigode invisível, Celso Roth, foram determinantes para a virada. Ruy sumiu do Olímpico, e Mario Andarilho Fernandes candidatou-se a seguir como titular depois de boa atuação – há que se ter paciência com as eventuais e naturais oscilações de um rapazote de 18 anos; a meia cancha bem povoada, sobretudo na contenção, com a juventude talentosa mas imatura de Adílson, compensada com a experiência vagarosa de Túlio.

 

Tudo isso permitiu à equipe reestruturar-se nos minutos após sair perdendo, e voltar ao campo do Inter com a mesma força e empenho. Numa tentativa, Souza foi obstruído ilegalmente por Guiñazu. Pedro Ernesto de Nardim, num rompante oportunista e profético, avisou, assim que o meia deitou a bola no gramado e mirou a goleira de Lauro com a concentração que os retirantes nordestinos destinavam aos oásis abstratos nas obras de Graciliano Ramos e João Cabral de Melo Neto, que os gremistas deviam acreditar e que os colorados, por outro lado, temer a cobrança – e ambos o faziam, mesmo que dissimulassem o otimismo e o medo por qualquer superstição particular. Souza confirmou o narrador da Gaúcha e justificou a venda de dois juniores para adquiri-lo, além de recolocar o Grêmio no jogo: 1 a 1.

 

O segundo tempo não permaneceu equilibrado. Ora, honrado leitor, o Grêmio perdera os três Grenais anteriores no ano, observara, mesmo que distante, o momento vacilante (Abraço, Leandro Guerreiro!) do adversário, jogava em casa e não vencia há dois anos. Tudo levou Autuori a adiantar o time, pressionar os colorados em seu campo e forjar, como de costume, muito mais na força e na atitude do que no futebol, a vitória gremista.

 

Assim o Grêmio criou mais, correu mais, lutou mais e, ainda que tenha desperdiçado oportunidades mais claras, marcou num lance fortuito, um respingo de um escanteio, e a confirmação estrelada de Maxi López. Afinal, centroavante, nas plagas de Bento Gonçalves, precisa fazer gol em Grenal para merecer a camisa 9 – ou 16.

 

O Grêmio retira aquela bigorna de tonelada e meia das costas e pode ascender na tabela do Brasileiro sem o estigma de não vencer clássicos. Já o Inter, segue tartamudeando num labirinto sem luz, à espera de uma reação que não acontece desde a primeira derrota para o Corinthians.

 

Guilherme

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O Chiliquento e o Esquentadinho

O Chiliquento e o Esquentadinho

 

O Grêmio perdia por 3 a 0, resultado digno de choro copioso e desesperança crônica, tragicamente irrecuperável – nem na atmosfera de literatura fantástica que admite ao Olímpico o poder de iluminar viradas inacreditáveis. Eis que aos 34 minutos do segundo tempo – hora que inclusive agnósticos e ateus apelavam para os pai nossos e ave marias decorados e jamais esquecidos da saudosa época de coroinhas – Souza se vestiu de grunge, disse que era Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam, e rasgou o refrão a plenos pulmões: Oh, I’m still alive!!!

 

O fato, a despeito dos gols sofridos e marcado, do imbróglio racista ou não envolvendo La Barbie (e que certamente vamos comentar nos próximos dias aqui no Tisserand), é que eu realmente não esperava o Grêmo que vi no primeiro tempo. A zaga sólida, rebatendo grande parte dos cruzamentos. Os volantes recolhendo com perícia os rebotes defensivos e acionando Souza e Tcheco, cujos espaços encontrados na meia-cancha permitiam promover estocadas esporádicas ao ataque.

 

Foi assim nas duas vezes em que nosso centroavante Zen Budista Alex Mineiro aprimorou sua técnica infalível de perder gols, numa furada digna de vergonha alheia e no recuo de cabeça para Fábio. Mas a chance mais cristalina foi perdida justamente pelos pés que depositávamos maiores esperanças. Maxi López honrou o sangue latino, dividindo como se deve, desarmando o zagueiro e saindo em marcha apressada em direção a bola, cortou o último defensor e deslocou com calma o goleiro do Cruzeiro. Mas deslocou demais. A bola beijou a trave, saiu do campo e nos convenceu de que a noite não reservaria muitas alegrias.

 

Quando já andávamos pelos 37 minutos, Kléber recebeu passe mais livre que adolescente arteira, filha de pais negligentes, e encontrou, num cruzamento a la Arce, Wellington Paulista. Leo não chegou a tempo, e o atacante cabeceou como o manual Jardeliano aconselha: olhos abertos, firme e para o chão. O que me permite afirmar que nem Victor pegaria aquela bola.

 

Até aí tudo bem. O time estava seguro, cofiante, o gol fora fruto de uma jogada tradicionalmente eficaz do adversário e da limtação de Fabio Santos. Mas o começo do segundo tempo transformou a partida num pandemônio. Logo aos três minutos, Wagner recebeu passe de um escanteio na solidão que jamais se pode permitir a um jogador canhoto. Porque os canhotos, como todos sabem, são figuras oblíquas, matreiras e dissimuladas, sempre ludibriando os pobres marcadores destros com sua inerente marcha torta, coisa de magia negra ou pacto demoníaco. Enfim, ele avançou para a meia lua da grande área e chutou despretensioso, na direção da Turma do Fedor. Tcheco se vazou nas calças e a bola passou desviando por entre suas pernas, enganando o incauto goleiro Marcelo, a esta altura impassível e no lado contrário da bola. A casa começava a cair.

 

A partir daí o Cruzeiro virou a seleção da Espanha (Não quando joga contra os Estados Unidos!), invertendo o jogo em lançamentos insinuantes, arriscando dribles com a confiança dos vencedores, promovendo linhas de passes de corar o gremista espectador. Num dos estouros de paciência da zaga Tricolor, Fabinho aparou o cruzamento de uma falta com um meneio tranquilo, visto que livrara-se de toda e qualquer marcação. O 3 a 0 nos cumprimentava com um aceno aterrador.

 

A situação teria piorado muito se o chileno Henrique Osses não imitasse Romário e saísse com uma fisgada. No espaço de tempo entre a despedida do árbitro e o ingreso de seu substituto, O Grêmio se organizou, acalmou os ânimos e o Cruzeiro resolveu diminuir o ímpeto, administrar o resultado.

 

Todos sabemos, caro leitor, que isso nunca dá certo. E daí surgiu a esperança maior dos gremistas, o gol marcado com maestria por Souza, a falta que deixou Fábio paralisado sob a meta, a chama que hoje é de vela de bolo de criança, mas que pode se transformar num Fogo de Chão bagual e acalorado na próxima quinta. Porque, mesmo que alijados, maltrapilhos e maltratados, ainda respiramos, ainda estamos vivos!

 

* ‘Eu ainda estou vivo’, refrão da canção Alive, do Pearl Jam.

 

Foto: Clic Esportes

 

Guilherme

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O Magro do Beira

O Magro do Beira

 

Um secador autêntico vislumbra ainda com certa distância uma situação dramática que se avizinha vagarosa, porém tenaz, quando comemora um empate fora de casa do principal rival contra um dos melhores times do campeonato. Pois foi o que inescrupulosamente fiz na noite de ontem. Diante da iminente quinta vitória consecutiva colorada, um resultado igual estava de bom tamanho. E foi o que aconteceu: Magrão e Wellington Paulista marcaram. Outros destaques do jogo foram Lauro e Kleber, cujas caneladas mútuas no bico da chuteira adversária renderam expulsões infantis. E por aqui eu sigo, feito empregado de lavanderia precária, na ingrata tarefa de secar um lençol encharcado com uma caixa de Fiat Lux.

 

Mas a rodada não foi nada desastrosa. Lá na remota quinta-feira, mais conhecida nos calendários que enfeitam as mesas de escritórios de nosso país como dia 4, o Grêmio e o vento minuano derrotaram a briosa equipe do Náutico por 3 a 0. A vitória encarna proporções maiores por livrar a incipiente trajetória de Paulo Autuori de resoluções negativas precipitadas. E permite ao treinador uma semana para acrescentar com a calma e paz que tanto preza um volante no time, em detrimento de um defensor.

 

Os gols gremistas não nasceram daquelas extrações cansativas e demoradas de outrora. Não. A equipe conduziu o jogo com autoridade, soube ludibriar a marcação pernambucana com paciência e maturação indispensáveis para os vencedores. Foi assim nos dois gols de Souza, para os quais as assistências de Alex Mineiro corroboraram diretamente, e também na bola alçada na área e a intervenção precisa no cabeceio de Maxi López. Um time organizado e seguro. Emprestando uma esperança concreta àquela fé completamente abstrata que se apoderava dos gremistas quando perguntados se podiam vencer a Libertadores.

 

 

Maracatu XEQUEsperiano

Já no Recife, o Flamengo vencia o Sport por dois tentos a nada em menos de dez minutos, ambos conferidos pelo súdito e xeque do ataque carioca, Emerson. Então a atmosfera magnética, a topografia peculiar e os mistérios que habitam o solo e o ar da Ilha do Retiro e que nossa vã filosofia sequer pretende esclarecer, mostraram suas armas. E o Sport, tal qual a batida sistemática e pesada de uma Nação Zumbi, fez os quatro gols da virada em oito minutos. Weldon, três vezes, e Durval, o cangaceiro, capitão e zagueiro nordestino, foram os autores. O treinador Leão, recém chegado à Ilha, virou um pavão. E Adriano, longe de lembrar um Imperador, amargou o anonimato.

 

 

Martini sem gelo azeda leite paulista

Outro jogo de acontecimentos de responsabilidade irrestrita de santos ou do Capeta (Mostra a cara dele, Picachu!), foi o Avaí e São Paulo, de imaculado placar, na tarde catarinense de domingo. As duas equipes alternaram-se em investidas, embora sem aquela convicção necessária: o Avaí, temendo desguarnecer-se defensivamente e com medo de ser permissivo com o ataque paulista; o São Paulo, com aquela empáfia inerente a equipes tradicionais que imputam à camisa a responsabilidade de derrotar esquadras egressas da divisão inferior.

 

Diante de tanta precaução e arrogância, restou a um injustiçado dos pampas alcançar sua redenção. Eduardo Martini, aquele goleiro de mãos vazias e olhos melancólicos que nos deixou sem promover lágrimas, acorrentou a meta barriga verde e jogou a chave fora, garantindo mais um ponto ao time de Guga.

 

Com cinco rodadas transcorridas, permitimo-nos, por hora, revelar a tabela de classificação e os demais resultados. Repare, caro leitor, que Celso Roth faz o Galo cantar alto, e já faria coçar a nuca colorada caso ostentasse aquele saudoso e frondoso bigode. No mais, o campeonato ainda é aquele calçado novo, que ainda não deu de si, como diria a sábia tia nossa de cada dia, e não revelou em definitivo quem saberá calçá-lo adequadamente.

 

Classificação

Internacional 13

Atlético-MG 11

Vitória 9

Santos 9

Náutico 8

Palmeiras 8

Fluminense 8

Grêmio 7

Corinthians 7

Cruzeiro 7

Flamengo 7

São Paulo 6

Goiás 6

Santo André 6

Sport 5

Barueri 4

Avaí 4

Botafogo 3

Coritiba 1

Atlético-PR 1

 

Resultados

Grêmio 3 x 0 Náutico

Santo André 3 x 3 Santos

Corinthians 2 x 0 Coritiba

Palmeiras 2 x 1 Vitória

Sport 4 x 2 Flamengo

Avaí 0 x 0 São Paulo

Atlético-PR 0 x 4 Atlético-MG

Cruzeiro 1 x 1 Internacional

Fluminense 1 x 0 Botafogo

Goiás 2 x 2 Barueri

 

Fotos: Magrão: Clic Esportes.

 

Guilherme

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Grêmio e San Martin

Grêmio e San Martín

 

Enquanto Boca Juniors, São Paulo, Cruzeiro, Palmeiras e Nacional forjam trincheiras, acumulam mantimentos e armam a cavalaria para peleias inomináveis e mortais contra homens feitos, conhecedores da Latino América, nas oitavas da Libertadores, o Grêmio cuida de uma criança de cinco anos chamada Martín, com fama de Santo, mas futebol de pagão. Como qualquer equipe obstinada a comandar a América, o Tricolor invadiu o berçário alheio e derrotou o menino em seu próprio pebolim: 3 a 1. Gols de Maxi López, dois, e Souza, para variar um pouco. Mas, como bom pescador que é, o Martín descontou: tento do pugilista e centroavante colombiano Arsuaga.

 

A partida começou à feição do Grêmio. O San Martín atirava-se ao campo adversário e se descuidava de brechas na própria defesa, como qualquer jogador da NBA que pegou um jens emprestado do Romário e insiste em puxá-lo até a cintura, descobrindo, obviamente, as canelas. Pois numa dessas distrações, Souza deixou o marcador deitado e chutou firme de canhota para abrir o placar.

 

O gol não animou o Grêmio. Ao contrário: a criança Martín deixou o campo, e um adolescente rebelde e assanhado entrou em seu lugar, como esses que costumam se eleger presidentes bolivarianos. O meio-campo do Grêmio transformou-se em território peruano e os cruzamentos repetidos à exaustão foram premiados ao final do primeiro tempo. Arsuaga aplicou o drible em Fabio Santos no mesmo toque em que dominou um lançamento longo e envolvente, e completou, no toque seguinte, maculando as redes de Victor.

 

Os 45 minutos iniciais terminavam como deveriam, em enfadonha igualdade: de um lado, um adolescente corajoso, mas incapaz de cuidar do próprio nariz; de outro: um adulto medroso, mas sábio sobre as coisas da vida.

 

Pois Marcelo Rospide deve ter umedecido os jogadores com aquela mijada amiga durante o intervalo, digna das grandes mudanças de comportamento. Porque logo aos 25 segundos de reingresso ao jogo, Souza confirmou a condição de jogador mais importante do Grêmio na Libertadores e alçou a bola até a cabeleira luzidia de Maxi López. O argentino adiantou-se à zaga e escorou para o gol.

 

Esse foi pra ti, Vanda!

Esse foi pra ti, Wanda!

 

O resultado já era satisfatório, mesmo que a atuação não correspondesse. Estava encaminhada a vaga, até uma derrota por 0 a 1 no Olímpico faria o Grêmio avançar às quartas. Mas ainda faltava um gol. Jonas recebeu belo passe de Ruy e trotou para a linha de fundo, simulou um cruzamento e driblou o marcador, um peruano displicente, jogando a bola para dentro da área, antes que ela cruzasse a linha de fundo. Lá estava, como sempre, Maxi López. Ali, naquela cabeçada, ele deve ter finalmente assustado quem torce contra os azuis. Porque não foi simplesmente um gol. Foi um gol de centroavante que domina a arte da bola aérea. Um gol de centroavante que há muito tempo não se via na Azenha. O 3 a 1 estava decretado. E a partir daí, Martin ficou sonolento, como qualquer criança que tenta acompanhar as conversas de adultos que se estendem pela madrugada.

 

 

Mais importante que ter encaminhado a classificação. Mais importante que ter a convicção de que é melhor do que os possíveis adversários nas quartas, Caracas ou Deportivo Quenca. Mais importante que tudo isso, é a afirmação de um triângulo que permite aos gremistas sonharem alto: Victor, Souza e Maxi López. As mãos, o cérebro e as pernas (e a testa também) – respectivamente – do Grêmio nessa Libertadores.

 

Fotos: Gurizada: quebarato.com.br; Maxi: abril.com.br.

 

Guilherme

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 Grêmio na Libertadores 2009 

 

Caminhando contra o vento que desce aos solavancos a Cordilheira chilena, sem lenço, documento ou treinador – como cantaria um trovador chileno de segunda categoria, dono de uma capacidade de plagiar Caetano Veloso proporcional à própria falta de talento -, o Grêmio venceu a Universidad, em Santiago, por dois a zero. E, assim como Shumacher é o maior piloto de todos os tempos na Fórmula 1 porque tem mais títulos e vitórias que Fangio, Ayrton Senna ou Proust: o Grêmio é o melhor time da Libertadores da América de 2009, único com treze pontos, com apenas um gol sofrido. Eu sei, caro leitor, que Aurora, Boyacá ou mesmo La U possuem fragilidades gritantes. Mas eu respondo a ti com uma pergunta retórica, cético gremista ou colorado ausente nesta Copa: acaso Schumacher não tinha como principais rivais Rubinho, Irvine, Hakkinen e Coulthard?

 

 

Inter na Libertadores 2009

 

O que realmente alvoroça, ainda que timidamente, os gremistas é a afirmação de alguns atletas fundamentais para uma campanha vitoriosa. Victor é certeza de um placar minguado para o adversário. Réver, recolocado por Marcelo Rospide à esquerda da zaga, onde melhor atua, voltou a ser um defensor seguro. Souza é um dos três melhores meiasem atividade no Brasil. E Maxi começa a reverter todas as expectativas a seu respeito: sabe jogar com os pés, usa o biótipo corpulento para esconder com perícia a bola e, o mais importante: é um definidor frio, objetivo e simples.

 

O jogo de ontem também confirmou fragilidades, sobretudo nas alas. Makelele estava sempre no lugar errado, chegava atrasado, errava passes, equívocos imperdoáveis, mesmo para um jogador improvisado. E Fábio Santos, apesar da evolução tanto na marcação quanto no apoio, oscila feito voz de adolescente inseguro em dramática puberdade. Espero que vire adulto antes da segunda fase.

 

Sobre a partida: o Grêmio mereceu vencer porque criou mais que La U. Aliás, os chilenos são assanhados, mas lhe faltam talento. Há Estrada, jogador da seleção de Bielsa e canhoto de passes longos e milimétricos. E há o fundista paraguaio Nelson Cuevas, mais comprometido com seus dribles primitivos e estéreis do que com municiar o ataque ou chutar a gol. Bastaram três lances iluminados de Souza para que pegássemos o goleiro Miguel Pinto com as calças arriadas e mãos atadas: convertemos dois, com Leo e Maxi. E era isso.

 

Na última rodada, vamos ganhar do Boyacá, em casa, e La U ganhará, da mesma forma, dos bolivianos masoquistas do Aurora, em Cochabamba. Grêmio e Universidad avançam às oitavas. E aí: é pega pra capar: briga de cachorro grande: entrevero dos brabos: de pretear o olho da gateada.

 

Fotos: Blog Demais e Acervo Google 

 

Guilherme

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A personificação do Aurora

Aurora: mais facinho que a Amy depois de um trago

 

O Aurora foi ontem aquela mulher cambaleante em final de festa que os caras em jejum sexual em alta e censuras morais em baixa arrastam para quartos obscuros e abusam de sua receptividade. O Aurora foi ontem aquele bêbado inconveniente que sempre habita aniversários de criança e provoca os sóbrios mais fortes que ele a o surrarem impiedosamente. Sabe que está fragilizado pela condição ébria, mas – e tome contradição – é impelido pelo mesmo líquido que o enfraquece a dar cabeçada em ponta de faca, a se inflar da magia que engrandece os corajosos. E o Grêmio fez o que se deve, nesse caso: mandar-lhe uma sova bem dada, aquietá-lo. Na verdade, quase: os três a zero arrastados estiveram longe de violentar os bolivianos: não passaram de umas palmadinhas distraídas

 

Mas uma resolução é inegável: os gremistas respiraram ares mais limpos. Há mais de um ano não se criava uma atmosfera de tanta harmonia e apoio irrestrito ao time. Mesmo nas jornadas mais competentes de Celso Roth, uma nuvem de desconfiança avizinhava a Azenha, prostrava-se logo ao lado, relembrando a biografia desafortunada do treinador, seus fracassos maiores que seus sucessos e a certeza de que aquela sequência de bons resultados era um acidente, um produto perecível.

 

O curioso é que o Grêmio jogou para o gasto. Fez sua apresentação menos convincente, não criou tanto quanto nas três primeiras partidas. Victor e o restante da zaga não sofreram com o ataque subdesenvolvido do Aurora. Adílson desarmou com facilidade os meias – embora sejam latentes alguns exageros recorrentes cometidos pelo neófito volante. Makelelê e Fábio Santos não comprometeram. Souza, mais uma vez, destacou-se. E Herrera ainda precisa emagrecer um pouco, ainda que autor de um passe pra gol. Sim, eu sei, faltaram dois. Mas esses merecem parágrafos próprios.

 

Primeiro, o capitão. Tcheco parece cansado. Já não tem a mesma velocidade e disposição do maestro daquele time que chegou à final da Libertadores há dois anos. Tcheco não é um craque. Tem domínio e acerta passes como meia, chuta como um atacante, mas sempre correu como um quarto zagueiro. O que o transformou num jogador fundamental e decisivo foi o preparo físico na ponta dos cascos e a clara noção de suas limitações – qualidade rara entre atletas. A provável chegada de Renato é um sintoma que a minha desconfiança é compartilhada pela direção. E o banco de reservas passa a ser uma ameaça concreta.

 

Agora, Maxi BBB López. Ele não ganhou um milhão ontem, não comeu a Francine, não é o mais novo melhor amigo do Pedro Bial, mas, finalmente, começou a se tornar titular do Grêmio. Afora algumas rusgas mal resolvidas com a bola, o argentino mostrou que sabe jogar futebol. Apesar do aspecto de meia de rede da seleção feminina de vôlei russa, ele ensaiou jogadas assanhadas com os pés e confirmou virtudes importantes para um jogador de sua estatura. O salto e o cabeceio de olhos abertos: tapa de misericórdia no traseiro dolorido dos filhos de Cochabamba.

 

Os outros dois gols, para variar, foram de zagueiros e em bola parada: Rafa Marques e Réver. Resquícios de um tal Celso Roth, que aos poucos vão se dissipar com oxigênio renovado que venta por hora no Olímpico.

 

Daqui a uma semana, tem mais. Na aldeia de Neruda, Allende e do fantasminha, açougueiro e ditador camarada Pinochet, contra La U: aquela do goleiro e mágico ilusionista Miguel Pinto.

 

Foto da Amy: 94fm.com

 

Guilherme

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Quem diria, hein, Roth. Três atacantes

Quem diria, hein, Roth?! Três atacantes!!!

 

Celso Roth candidatou-se, ontem à noite, a ser campeão da Libertadores. Num arroubo de ousadia jamais registrado em sua prolongada, árida de títulos e onerosa carreira, o técnico do Grêmio utilizou de um raciocínio lógico – sabidamente mais eficaz do que invencionices no futebol – e, diante de uma superioridade irreversível do Grêmio sobre o esforçado Zequinha, reforçou seu ataque com um jogador a mais do que o usual: computando, ao todo, três deles. Claramente amedrontado por ter colocado na partida o centroavante argentino Maxi López e deixado no banco o craque Makelele, Roth assistiu ao Tricolor aplicar a maior goleada do ano, comemorou discretamente o gol desajeitado do castelhano com cabelo de Rainha dos Baixinhos e suportou, inclusive, a torcida gritando seu nome ao final do confronto de derradeiro placar 6 a 1. 

 

E o 6 a 1 não foi acidental. Aos vinte e seis segundos de jogo, Tcheco anunciava que a goleada viria. Sentou o pé na entrada da área do São José, depois de jogada bem construída por Fábio Santos e Alex Mineiro – curiosamente, jogadores que ainda oscilam entre boas e desastrosas atuações. Mas, logo, logo o São José empataria o jogo num acidente de percurso. Ou não. Pode-se classifica-lo como um procedimento previamente acertado. Já que o Uh, Fabiano pode atuar até no União, de Rondonópolis, e, mesmo assim, quando este enfrentar o Grêmio, ele vai dar um jeito de marcar um gol. Trata-se da mais pura e incontrolável implicância. Um carma. Algo que compete a esferas espirituais. E, sobre as quais, por prudência e certo respeito ao sobrenatural, não opino.

 

O restante do jogo serviu para recuperar a confiança de jogadores e da relação entre Roth e a torcida. Jonas, o pior atacante de todos os tempos da última semana, fez dois. Léo marcou pelo segundo jogo consecutivo. Fábio Santos aparou de cabeça um cruzamento do marciano Ruy e tomou a dianteira no entrevero com Jadílson pelo corredor esquerdo da equipe. E a cereja do bolo: com um e noventa de altura, cabelos loiros e uma espécie de relação promíscua de atração e retração com a bola, Maxi López, fechou a contagem.

 

Maxi Mize-se

Maxi Mize-se

 

Ah, faltou explicar porque Roth candidatou-se a ganhar o principal torneio futebolístico do Novo Mundo depois de ontem. Fácil: porque, pela primeira vez, refutou o caminho decorado e confortável de suas convicções. Pela primeira vez, violentou a certeza de que deve resguardar sua equipe com pelo menos cinco jogadores eminentemente marcadores. Mandou aquela comunidade do orkut intitulada Volantes de Contenção, que certamente foi criada por algum admirador dele, às favas. Promoveu um auto-estupro necessário. E, o mais grave, gostou. Pois certamente notou que a torcida clamou seu nome, que o gol de Maxi coroou sua escolha em colocá-lo no jogo, mantendo o operário Makelele no banco.

 

O Grêmio, no fim, só ganhou mais um jogo. A torcida, na verdade, despediu-se mais aliviada do que feliz. Mas, Celso Roth, Ah, Celso Roth descobriu a América.

 

Fotos: a de Roth, dum canto obscuro do Google. A de Maxi, de José Doval/Grêmio.net

 

Guilherme

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