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Posts Tagged ‘Flamengo’

 

Vergonha alheia

A Copa do Brasil é o torneio de futebol mais traiçoeiro deste planeta cujo habitat não pertence mais a Osama Nissin Lamen. Como vencedor contumaz, ao lado dos cruzeirenses, o gremista bem o sabe que é no confronto com a equipe de tradição diminuta onde reside o desafio macabro, onde mora a peçonha sobrenatural, onde hiberna o animal subreptício e calculista, sábio de sua inferioridade, auscultador solene daquele que lhe é superior.

Pois a vida segue perpetuando inexoravelmente a profecia de Nelson Mota, em sua inda e vinda obstinada, levada e trazida de volta pelas ondas do mar – ou do chocolatão aí perto de sua casa que alguns nominam valo, outros esgoto mesmo – e os times grandes não aprendem a domar essa jovem senhora chamada Copa do Brasil. Há exceções – e recentes –: os dois últimos torneios foram vencidos pelos melhores participantes, Santos e Corinthians. O de 2009, inclusive, com a final previsível, e o vice do Inter.

Ocorre que isso aconteceu em virtude de acidentes impeditivos às participações daqueles clubes nas edições de Libertadores da época, seja pelo resvalo no Brasileirão do ano anterior, seja pela recente ascensão da Série B. O natural é que as melhores equipes brasileiras rumem para competir pelo continente e o restante contente-se em visitar os rincões mais inóspitos do país até que o desafio macabro, o animal subreptício, a peçonha sobrenatural abandone a hibernação e devore favoritos com a avidez que um integrante de uma tribo canibal da Somália alimentar-se-ia de um rosado e pançudo britânico.

Botafogo, Atlético Mineiro, Palmeiras, São Paulo e Flamengo sabem disso. Todos, sem exceção, discursaram o mesmo prólogo decorado há muito pelos mais prudentes, cujo teor recomenda respeito, parcimônia e cuidado com o adversário de menor tradição, mas cuja prática denuncia a empáfia e a pretensão que transformam num epílogo melancólico a participação abreviada na taça.

A noite de ontem selou mais uma semifinal pouco comum, de quebrar a banca em casas de apostas. O Coritiba confirmou-se favorito já pelo caminho, com uma respeitável seqüência de duas dezenas e meia de vitórias consecutivas. O Avaí reafirma sua condição emergente e permite a Paulo Silas regressar ao “grupo de quatro” e enganar a todos novamente com sua retórica de pastor evangélico do interior paulista. O Ceará vislumbra a oportunidade redentora de reparar a derrota para o Grêmio, na final de 1994 (Nildo Eterno!), e tem em Iarley e Vagner Mancini os fiadores de seu time aparentemente copeiro. E, por fim, há o Vasco, o invasor corpulento na terra dos homúnculos – é bem verdade que apequenado há, pelo menos, meia década.

O desafio macabro novamente apresenta-se como invencível, agora já exposto aos olhos de todos, assumindo-se como tal, como peçonha sobrenatural, mas verossímil. A única certeza que trazemos neste mar de incertezas periclitante, é que a taça deste ano repousará em berço desconhecido, haja vista que nenhum dos semifinalistas tomou-a nos braços, tascou-lhe um beijo em sua pele dourada ou pôde chamá-la de sua nas vinte e duas edições anteriores.       

Melhores momentos de Vasco 1 x 1 Altético – PR. Melhores momentos de Avaí 3 x 1 São Paulo.

 

Semifinais

Avaí x Vasco

Coitiba x Ceará

 

Guilherme Lessa Bica

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Adriano erra em bola e faz um golaço; Edson Bastos, com expressão bovina, antevê a tragédia

Adriano erra em bola e faz um golaço; Edson Bastos, com expressão bovina, antevê a tragédia

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Guina: dono do meio-campo colorado

Guina ensinando Ibson a desarmar

 

Em partida histórica, o Inter garantiu vaga nas semifinais da Copa do Brasil, ao vencer o Flamengo por 2 a 1. O Colorado segue imbatível no Beira-Rio, completando a sua décima oitava vitória consecutiva.

 

Em casa, o time já marcou opulentos 58 gols em 19 jogos e administra um aproveitamento fantástico de 96,49%.

 

A crônica do jogo pode ser conferida na coluna semanal do articulista Fabio Araujo, no Portal Arena Vermelha.

 

Abaixo, as notas e considerações deveras pertinentes sobre a Esquadra Rubra.

 

Lauro – Foi pouco requisitado e não falhou no gol. Nota: 7,0.

 

Danilo Silva – Substituiu Bolívar, mas pouco acrescentou. Nota: 6,8.

 

Indio – É o cacique do Beira-Rio.  A defesa estava segura.  Nota: 8,0.

 

Álvaro – Mesmo criticado pela torcida, não entrega a rapadura. Nota: 8,0.

 

Kleber – Tem qualidade em algum lugar obscuro carente de nossa atenção. Pode render mais. Nota: 7,5.

 

Sandro – O meio como um todo estava com baixo rendimento. Nota: 6,9.

 

Rosinei – Rosinou inofensivamente. O time sentiu falta do Magrão. Nota 6,5.

 

Guiñazu – Um inconformado. Um leão em campo. Nota 9,5.

 

D’Ale – Infernizou a defesa adversária com a habitual chiliquentice. Nota 8,9.

 

Taison – Voltou a jogar bem e ensaiar aquela dancinha de pugilista peso leve de quando está confiante. Marcou um gol decisivo. Nota 9,2.

 

Nilmar – Velocidade fora do comum, foi o responsável por parcela pungente do primeiro gol. Nota 8,9.

 

Glaydson – É um operário, mas entrou bem. Colaborando de forma mais efetiva com a falta sofrida cobrada por Andrezinho. Nota 7,5.

 

Andrezinho – Como diria o aforismo do filósofo: futebol é momento! Ontem: Dézinho foi 10. No final, decidiu e correu pro abraço. Nota 10,0.

 

Alecsandro – Sem nota.

 

Foto: Jeferson Botega, Clic Esportes.

 

Fabio

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O editor colorado do Tisserand FC, Fábio Araujo, a partir dessa semana, escreve todas as quintas-feiras para o Portal Arena Vermelha. A análise do empate contra o Flamengo pode ser conferida aqui.

 

Para os nascidos na década de 80:

 

Por quê você escolheu torcer pelo Grêmio?

( ) Por causa do meu pai.

( ) O Inter nunca ganhava nada.

( ) O Grêmio era Campeão do Mundo.

( ) Todos meus amigos eram gremistas.

( ) O Inter era o clube do povo e nunca gostei da chinelagem

 

Por quê você escolheu torcer pelo Inter?

( ) Por causa do meu pai.

( ) Porque sempre gostei de ser do contra.

( ) O Grêmio sempre foi o time dos bundinhas.

( ) Porque nasci pobre e me identifiquei com o Inter.

( ) Sabia que 20 anos mais tarde, chegaria a nossa vez.

 

A minha geração – leia-se, nascidos entre 82 e 85 – optou por torcer pelo Grêmio. Salvo raras exceções, a ponto de dizer que, amigo de verdade, no período escolar, tive apenas um. Que permanece até hoje.

 

Por anos, passamos por maus bocados, engolindo derrotas atrás de derrotas, mas permanecemos fiéis as nossas escolhas. E fomos recompensados.

 

Desde piá, somos educados a seguir caminhos pré definidos por nossos pais. Conforme envelhecemos, percebemos que nos tornamos o fruto de nossas escolhas. Na realidade, não sabemos mensurar a importância delas durante toda a vida.

 

Definimos as opções, hierarquizando-as de acordo com nossas prioridades.

 

Neste domingo, a direção do Inter poderá optar por poupar alguns titulares, contra o Palmeiras, visando a partida de volta, da CB, contra o Flamengo, na próxima quarta-feira.

 

A partir do enunciado acima, marque com uma caneta esferográfica azul ou preta, preenchendo a totalidade da opção escolhida.

 

Quanto ao jogo Inter e Palmeiras podemos afirmar que:

( ) A direção está correta. A prioridade do momento é a Copa do Brasil.

( ) É apenas o segundo jogo de 38 rodadas. Tem que poupar sim.

( ) O Inter tem grupo para colocar força média/máxima nas duas competições.

( ) Palmeiras é adversário direto, jogo de seis pontos, suas mulas!

( ) Poupar o cacete, os pontos perdidos no início sempre fazem falta no final.

 

Fábio

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Porque de torcedor e louco, todo mundo tem um pouco

Porque de torcedor e louco, todo mundo tem um pouco

 

Para os cinéfilos de plantão, aconselho que este não seja o portal adequado para enraizar sólidos conhecimentos sobre as belezas da sétima arte. Os que assistem a um filme pirata, vez que outra, devem ter ouvido falar no longa Eu, Eu mesmo e Irene. O personagem vivido por Jim Carrey tem distúrbios e sofre de dupla personalidade, passando por inusitados contratempos devido às dualidades que tem dentro de si.

 

Através deste viés, aproveitando-se dos lampejos de dupla personalidade, margeando a esquizofrenia, o articulista vermelho do TFC discorre conjecturas sobre o futuro do seu amado colorado.

 

Eu:

Que o Inter iria ganhar do MSI, em São Paulo, todo mundo sabia. O que surpreendeu, entretanto, foi a covarde estratégica do Timão de poupar os titulares para as quartas-de-final da Copa do Brasil – que nem teve o primeiro jogo.

 

O MSI vai poupar o time até o final da competição? Duvido. Mano fugiu do combate.

 

É compreensível que uma equipe medíocre, como o Náutico, venha ao Beira-Rio, precisando da vitória, e fique o tempo todo na defesa, para não ser goleado. Mas o MSI escalar os reservas foi um cagonismo exacerbado do Mano. Cagónzon.

 

Jogando o futebol que sabe, o Inter é disparado o melhor time do Brasil. Basta ajustar pequenos detalhes para a partida desta quarta-feira, contra o Flamengo.

 

A zaga, que era um tanto problemática, foi bem contra o MSI. Os laterais não apoiaram muito; Taison e D’Ale renderam abaixo do esperado. Quando Mano adiantou a marcação, a equipe teve alguma dificuldade pra sair jogando. Mas, bastava acertar os passes, que o Colorado era amplamente superior.

 

Se jogar bola, atropela o Flamengo ao natural. Se possível, com direito a outro gol de placa do Nilmar, que dispensa comentários.

 

 

Eu mesmo:

Essa tua prepotência me causa ojeriza. A soberba, que o gaúcho, por natureza tem, só te levará ao buraco sem fundo.

 

Todo mundo sabia que o Inter ganharia do Corinthians?  Tu só pode ser um gozador. Um apedeuta que confia num time que tem como titulares Bolívar e Álvaro. Um piadista escrachado que sonha com o pote de ouro atrás do arco-íris. Bota o pé no chão, cabeção (!),  só pegamos times de nível Azenha. Foram dados uns cinco passos, tudo bem, mas faltam uns novecentos ainda. E o sexto começa nesta quarta, contra o Flamengo.

 

Eu:

Por causa de pessoas como tu que as coisas não vão pra frente.

 

Eu sou mais Eu.

 

Eu mesmo:

Que nada. Eu sou mais Eu. Mesmo.

 

Foto: humorbabaca.com

 

Fabio

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Olho no lance: éééééééééééééééééé... mais um gol...

Olho no lance: éééééééééééééééééé... mais um gol...

 

Está valendo, deve ter dito Silvio Luiz ao narrar o começo de um dos quarenta jogos de estreia das séries A e B do Brasileirão 2009 no canal fechado da Bandeirantes ao qual não tenho acesso. Desde sexta-feira, os futebolistas de sofá são agraciados com uma sequência animalesca de partidas: até julho, jogos do Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores vão minar as telinhas e afugentar as ‘senhoras do lar’ do aconchego de suas salas.

  

A primeira rodada confirmou dois favoritos ao título: Inter e Cruzeiro. O primeiro, não fez nada demais contra os reservas do Corinthians, mas Nilmar compensou a sonolência do time com um golaço. O segundo, venceu o Flamengo por 2 a0, gols de Kleber e Ramires, e arrancou com força.

 

Grêmio e São Paulo foram as maiores frustrações do final de semana. O Tricolor Gaúcho ainda conseguiu tomar a frente do placar contra o Santos, com Rever. Mas o simples fato de depender do Rever para isso já indicava que algo não andava bem. O gol de falta inacreditável de Molina apenas sentenciou o resultado mais justo. É verdade, também, que Rospide errou quando substituiu jogadores, recuou o time e permitiu a Mancini o empate.

 

 

Lá no ‘Rio de Janeiro continua sendo, o Rio de Janeiro fevereiro e março’, o São Paulo foi derrotado pelo placar mínimo. O belo gol do Fluminense foi feito pelo esforçado volante Maurício, logo nos primeiros minutos. O time de Muricy parece que vai repetir as temporadas anteriores: sem fôlego para ganhar a Libertadores e um despertar tardio no Brasileirão. O problema, para Murycilha, é que o Teixeirão deste ano não está a barbada de temporadas pregressas, quando até Celso Juarez Roth foi candidato ao título.

 

Como tabela de classificação na primeira rodada é tão inútil quanto placar de basquete nos minutos iniciais de partida, disponibilizamos apenas os resultados do Brasileirão no final de semana:

 

Sport 1 x 1 Barueri

Palmeiras 2 x 1 Coritiba

Avaí 2 x 2 Atlético-MG

Corinthians 0 x 1 Internacional

Fluminense 1 x 0 São Paulo

Cruzeiro 2 x 0 Flamengo

Atlético-PR 0 x 2 Vitória

Grêmio 1 x 1 Santos

Santo André 1 x 1 Botafogo

Goiás 3 x 3 Náutico

 

Foto: silvioluiz.com

 

Guilherme

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Fala, Rogério!!!

Tima Maia Vive! E é na Coréia: 'Fala, Rogério!!!'

 

As quartas, sábados ou domingos, dependendo do calendário da CBF, separo a camiseta do Gamarra e início o ritual sagrado: jogos menores, uma dose cadenciada de uísque brasileiro; jogos imporantes, chega o momento do importado. O destino quis que, nesta quarta-feira, 6, tinha que fazer um trabalho no pós jogo e fui somente com um sprite zero no lombo.

 

Antes de entrar no Gigante, a parada para o tradicional pagamento de mensalidade. O atendimento, pela primeira vez, foi rapidíssimo e, em menos de 20 minutos, já estava nas arquibancadas tentando segurar o riso. Não pelo placar, pois a partida não havia iniciado, mas sim, pelo altíssimo número de loucuradas por metro quadrado. Ao meu lado direito, uns oito magros do Bonfa, vindos de uma festa do chope do interior; ao meu lado esquerdo, três cheiradores assumidos.

 

Até os 2 a 0, tudo era festa. O Inter carimbava a 16ª vitória consecutiva no Beira, atingindo a incrível marca de 54 gols, média de 3,77 por jogo. Mas a turma do funil e o time dos cheradores não se prendiam muito nesses detalhes.

 

Agiam pela emoção do momento.

 

Lembro que de um breve comentário no time dos cheradores, após o primeiro gol.

 

– Eu tô cheirado, mas aquele Taison ali no Placar eletrônico é o Alecsandro.

 

E realmente era o Alecsandro. A foto de Taison foi trocada por engano.

 

Prazer, meu nome é Taison!

Prazer, meu nome é Taison!

 

A Turma do Funil, no entanto, não tinha discernimento do que ocorria, mas no quesito “corneta”, apresentavam uma sobriedade aguçada e, rapidamente, escolheram a vítima da vez: Bolívar. Bastava o General de 2006 pegar na bola, pra começar o coro.

 

– Burro.

 

-Que tu vai fazer, ô, bostão?!

 

E assim transcorria. Ele tocava na redonda e…

 

– Nem vou olhar que vai dar merda.

 

No início, tava levando na esportiva, mas, em uma das dezenas de cagadas do juiz, não me contive e esbravejei um seu-pau-no-rêêêgo!!!

 

– PAU NO REGO??

 

– AHAUAHAUHAHUUAHA

 

Tava selada a antipatia.

 

Em meio aos impropérios desferidos contra o Bolívar, um dos funileiros lançou uma nova pauta.

 

– Vamos pro Dominó!

 

Mais rápido que um combate do Guiñazu, outro companheiro rebateu.

 

– Eu pago um baldinho.

 

A partir daí, o jogo foi esquecido, sendo dada prioridade à logística de como seria feito o transporte até a casa de tolerância porto-alegrense, que, segundo consta na brilhante obra “A Noite dos Cabarés”, de Juremir Machado, tem um grande público de caminhoneiros.

 

Enquanto isso, no time dos Cheradores:

 

– Eu posso tá cheirado, mas o Bolívar não levou cartão amarelo, como mostrou no Placar Eletrônico.

 

E realmente o atleta não fora advertido pelo árbitro.

 

Quase no final do primeiro tempo, o General – quase na Reserva – foi à linha de fundo, mas não conseguiu uma boa precisão no cruzamento.

 

Foi a deixa.

 

– Dominó! Dominó!

 

Alguns senhores de meia-idade deixavam escapar sorrisos de canto-de-boca – um riso confessional – sendo saudados euforicamente pela Turma do Funil.

 

Bastou o silvo final do primeiro tempo para que o grupo dispersasse em busca de calorosas companhias. Graças ao Bolívar, pelo menos cinco mães de família trabalharam afinco, conseguindo aumentar a grana depositada em suas poupanças.

 

Já no Time dos Cheradores:

 

– Eu posso tá cheirado, mas aquela mamãe sorteada pelo placar eletrônico é um homem.

 

E realmente era um homem. O câmera, por um ato de insanidade que não foi explicado, focou um homem, ao invés de buscar uma mamãe colorada conforme prometido pelo locutor.

 

O segundo tempo foi morno, sem as duras críticas para o Bolívar, claro.

 

Enquanto isso, no time dos Cheradores:

 

– Nem esquenta com o Adriano, esse joga no nosso time.

 

As próximas semanas prometem ser bem mais movimentada para os bebuns, cheiradores, trabalhadores, pais de família, e toda a torcida Colorada. Enfrentaremos Corinthians, Flamengo (duas vezes) e Palmeiras.

 

Estou confiante, mas, a única certeza que tenho é que, nas partidas disputadas no Beira-Rio, a torcida Colorada ficará até o apito final.

 

Fotos: Tim: katienetavaresemfoco.blogspot.com; Alecsandro: Site do Inter.

 

Fabio

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A Rainha de todos os traumas

A Rainha de todos os traumas

 

Aproveitei o feriado dia do trabalho para curtir uma viagem com minha esposa e nem assisti a partida do Rolinho do Inter, contra o Figueira.

 

Ao chegar em casa, anteontem, liguei a tevê e passava a decisão nos pênaltis entre Botafogo e Flamengo, pelo campeonato Carioca. O Fogão não poderia errar mais, e, para minha surpresa, quem foi ajeitar a bola foi o inesquecível Leandro ‘Certo que vai errar’ Guerreiro.

 

Confesso que o meu primeiro sentimento foi de felicidade. Ria ao ver aquela cara de sonso, estupefado com a cobrança ridícula. A mesma cara que fez em 2000, após um vacilo homérico, contra o Cruzeiro, no Mineirão, que acabou sacramentando a eliminação do Inter, na competição daquele ano. Desde então, Guerreiro entrou no meu caderninho de pessoas não gratas. Achava que só eu lembrava daquele lance. Mas ao conversar com um colega mineiro – Fabriccio de Lucca -, semana passada, ele me comentou sobre a cagada histórica do limitado atleta.

 

 

Mas a vingança nunca é plena, mata a alma… Coração grande, que tenho, me solidarizei com a dor de Guerreiro. Freud poderia explicar a falha. Deve ser algum trauma de infância, assim como eu tive.

 

Talentos Reprimidos

Aos meus três anos, outono de 1987, fui levado por meus pais para assistir a uma peça teatral em Porto Alegre. O enredo, por motivos óbvios, não lembro bem.

 

Em resumo, era um malfeitor que queria acabar com as criancinhas do mundo, aplicando uma injeção letal em todas elas, começando pelas que estavam na plateia. Não sabia o que significava a palavra letal, mas o tamanho da agulha – maior que a perna do ator – me assustava demais.  Acho que ele percebeu a minha apreensão. Deviam ter umas 300 crianças assistindo. Ele foi direto em mim.

 

– Vou começar por este aqui! Há há há há. E apontou a gigantesca seringa em minha direção.

 

Em centésimos de segundo, começou o berreiro que só parou quando cheguei em casa, horas mais tarde, após inúmeras xícaras de água com açúcar. Por um bom tempo não entrei em teatros ou cinemas. Com 11 anos, achei que tinha superado o problema.

 

Resolvi participar de um grupo de teatro na escola, encenando um “casamento na roça”, no papel de Pai da noiva. Para um iniciante, o texto não era muito complexo: bastava dizer o vocábulo casa (do verbo casar) para o noivo, que insistia em fugir do matrimônio. Começou a peça, tudo certo: chega na hora do vamo vê e…. não saía a voz. Tentava, mas não dava. Quando consegui, as quatro letras tiveram umas cinco entonações diferentes, arrancando dezenas de risos da plateia, acabando com a minha precoce carreira nas artes cênicas.

 

Com o Guerreiro, deve ter ocorrido o mesmo. Provavelmente, em sua infância, algum vizinho tenha lhe dado um ‘pal’, e gritado no seu ouvido “tu sempre será um cagão de merda”, ou algo do gênero, e essas palavras ficam vagando na mente do pobre jogador. Hoje, sempre que é cobrado, caga no pincel. Entrega o mumu.

 

O Guerreiro do pincel

O Guerreiro do pincel

 

E assim será.

 

Eu: amaldiçoado a não seguir na carreira como ator. Guerreiro: com a sina de ser um jogador de futebol amarelão. Ele, claro, com uma larga vantagem por ter plenas condições financeiras de encarar uma psicanálise.

 

Fotos: Xuxa: perdidonoinfinito.blogspot.com; Guerreiro: revistadobotafogo.com.br.

 

Fabio

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Consolo

Consolo

 

Se os campeonatos estaduais fossem personificados em uma mulher, certamente alguma das personagens interpretadas pela longeva (Tá bom, chega de eufemismos: Vovó!) Vera Fisher encarnaria essa figura: não há mais aquela excitação quando se conquista ambos, visto que muita gente já o fez. Mas, no final da festa ou do ano, quando o restante dos amigos ou times não venceram nada, ainda se pode contar vitória.

 

O grande problema dos times brasileiros na primeira divisão é encará-los como amostra relevante para o que virá no Brasileirão. É assim que os rebaixamentos começam. Basta verificar o que aconteceu, ontem, no Rio de Janeiro. Até o Cuca, figura fadada a ser eternamente vice-campeão, conseguiu seu canequinho.

 

Ele não sabe sorrir

Ele não sabe sorrir

 

Apenas três campeões estaduais não se enquadram nessa teoria. Curiosamente, os três venceram de forma invicta: Inter, Cruzeiro e Corinthians. Como o lado vermelho deste blog que vos fala já dissertou sobre o Gauchão, vamos aos dois restantes.

 

Na terra do pão de queijo e do Clube da Esquina, se confirmou uma superioridade dramática. Uma semana agonizante se arrastou depois dos 5 a 0 aplicados pelo Cruzeiro no Atlético. No final do jogo de ontem, ambos satisfeitos com o empate em 1 a 1: o Cruzeiro ampliou a invencibilidade para 9 clássicos consecutivos; o Galo livrou-se de Leão, demitido, e do estadual com um empate digno. Quem assume é o saudoso Celso Roth. 

 

 

Já em terra Bandeirante, quem tem mais de cem quilos é rei. Ronaldo não marcou na partida final, mas foi decisivo no restante do campeonato. Fez sete no Paulistão e ajudou o Corinthians a empatar o último jogo contra o Santos. Willian, o capitão, tomou-lhe um cagaço quando recebeu a taça.

 

 

Confira a relação de outros campeões estaduais:

 

Estado   Campeão

Santa Catarina   Avaí

Paraná   Atlético PR

Brasília   Brasiliense

Goiás   Goiás

Bahia   Vitória

Ceará   Fortaleza

Parnambuco   Sport

Paraíba   Sousa

Rio Grande do Norte   ASSU

Acre   Juventus

 

Fotos: Vera Fisher: novely.org; Cuca: estadao.com.br

 

Guilherme

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 Adriano Leite Ribeiro, um garoto de 27 anos, “que perdeu a alegria de jogar futebol”…

O Imperador sucumbiu?

O Imperador sucumbiu?

 

Como explicar tal decisão?

 

Pois, bem.

 

Muitos podem achar absurda a sua decisão, mas o fato é que vida de jogador de futebol não é tão fácil como se imagina.

 

A trajetória de Adriano no futebol profissional iniciou cedo, no Clube de Regatas Flamengo. O atleta despontou para o futebol precocemente aos 17 anos na equipe principal. Desde esse pontapé inicial, velozmente transformou-se em ídolo, iniciando a restrição para o mundo, fugindo realidade de vida de uma pessoal normal.

 

Adriano é o caso de mais brasileiro que tem sua ida precoce para o velho continente.

 

Entre a redenção do título de Imperador de Milão e o garoto criado em umas das favelas do Rio de Janeiro, tem a figura do ser humano de uma pessoa “meiga e querida” -segundo nosso eterno Zagallo – que simplesmente não teve forças para agüentar tal pressão. Depois do ápice como jogador, vê na sua família e em seus amigos, a cura para a restruturação da sua vida.

 

Existem as mais variadas opiniões sobre a situação do Imperador, mas o fato que além dos altos salários, carros importados, fama, roupas de grifes e mulheres, a vida de um jogador de futebol fica restrita, mediante aos argumentos citados, tornando-se impossível trafegar em vias publicas, ir ao shopping, cinema e restaurante, etc. Não há como conviver com parentes e amigos, pois o assédio da imprensa e da mídia em geral afeta demais vida de um jogador de futebol; não podemos esquecer que os mesmos são seres humanos e precisa de privacidade, mesmo sendo celebridades do mundo da bola, mundo esse que movimenta milhões por ano em TV e campeonatos, mundo esse que tem milhões de apaixonados que fazem loucuras para verem seus times e ídolos.

 

Coloque-se no lugar de um jogador de futebol e reflita; vá além das regalias já citadas acima, tente imaginar-se na situação de se privar para o mundo: não é tão fácil como se imagina.

 Jackson Rocha – Bekinho

 

FOTO: ACERVOGOOGLE

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