O Grêmio de 2009 é melhor que o time de Mano que tomou cinco do Boca em 2007. O Grêmio de 2009 é, inclusive, melhor que o Grêmio de Roth que entregou a rapadura para o São Paulo no Brasileirão do ano passado. O Grêmio de 2009 tem o melhor goleiro em atividade do país, três zagueiros que são tão bons com os pés quanto com a cabeça – algo fundamental em times com três defensores -, dois alas rápidos, técnicos e insinuantes e acaba de ganhar com Adílson um volante mais eficiente que Willian Magrão; além de meias e atacantes complementares. O Grêmio de 2009 tinha tudo para estrear na Libertadores empilhando gols na Universidad, do Chile. E nem essa comunhão de fatores, nem os 33 mil torcedores azuis, nem a ajuda de alguns zagueiros de “La U” que fariam corar até o comunista poeta Neruda foram suficientes para que o gol de Miguel Pinto fosse maculado.
Logo em seus primeiros movimentos a partida encaminhou-se para um arremedo de treino ataque contra defesa. Afora um escanteio no primeiro minuto, quando os chilenos foram soberanos e Vitor salvo por uma furada monumental, o goleiro gremista manteve-se um espectador privilegiado do jogo. O restante da primeira etapa foi marcado pela profusão de oportunidades desperdiçadas. Rever cabeceou duas vezes e a bola costeou a trave em ambas. Souza esforçou-se para errar a goleira de uma distância semelhante a um pênalti depois de passe de peito do Jonas. Tcheco obrigou o arqueiro chileno Miguel Pinto à intervenção rasteira. Jonas fez fila no flanco esquerdo da defesa sub-andina, jogou para o fedor e viu a bola ser retribuída do mesmo fedor e encaminhar-se mansa para a lateral. E Tudo isso em apenas treze minutos. Não haveria como manter tal intensidade o jogo todo. E o Grêmio diminuiu o ímpeto. Povoou a área chilena em jogadas pontuais, como chute na trave de Souza. Mas já sem a mesma energia.
O fim do primeiro tempo ensaiou um gosto amargo no canto da boca dos gremistas. Notem, apenas no canto da boca. Ainda se acreditava na vitória. Os pedidos tornavam-se mais comedidos, um golzinho basta, meio gol, vá lá!
Pois o gosto amargo era o prenúncio de que pouca coisa mudaria. A novela do primeiro tempo repetiu-se, e com os mesmo atores: Jonas, Tcheco, Rever, Ruy alternavam-se em chances impossíveis perdidas ou impedidas de efetivarem-se em gols por Miguel Pinto. Mas a mais impressionante delas perdeu o centroavante zen budista Alex Mineiro. Tcheco ensaiou um olhar enviesado para o bandeirinha e se fez de louco para o passe de Ruy, no que logo se configurou como um corta-luz magnífico – não fosse a bola chegar aos pés de Alex Mineiro com o gol escancarado em sua frente, o bandeirinha poderia duvidar das reais intenções do capitão gremista. Enfim, Mineiro livrou-se do goleiro, enquadrou o corpo e chutou com a displicência de um Romário e o talento de um Warley. É provável que a bola nem chegasse a sair, o que provocaria risos e o constrangimento do atacante, mas um zagueiro chileno atirou-se sobre ela e empurrou-a para um digno escanteio.
De resto, pouca coisa vale comentar. A atuação impecável e convincente de Adílson, que deve assegurar a titularidade, já que a concorrência resume-se aos inofensivos Makelele e Orteman. A expulsão de Marcel Diaz aos 26 minutos do segundo tempo, que pouco adiantou a um Grêmio já afoito e ansioso. E a certeza de que o cinco a zero era o placar mais adequado para o jogo.
O Grêmio de 2009 é melhor que o de 2007. E o Grêmio de 2009 estreou como estrearam os times campeões de Espinosa e Felipão: sem vencer. Para quem acredita em superstição, mais uma para apegar-se. Como não é meu caso, aguardo o jogo do dia onze de março, na Colômbia, contra o Boyaca Chicó. Para, enfim, comemorar um gol do Grêmio na Libertadores.
Foto: site img.olhares.com
Guilherme
Q nem diria o guga…
rede eh gol